A evolução da robótica é algo fascinante, que já abrange várias décadas e envolve contribuições significativas de diferentes áreas, como engenharia, ciência da computação e inteligência artificial. As pesquisas e o desenvolvimento tecnológico estão em constante melhoria sempre aprimorando e trazendo novos recursos ao longo dos anos.
Algumas evoluções tecnológicas colaboraram para o avanço da robótica que inclui uma série de acontecimentos importantes, separamos algum deles para vocês:
285-222 a.C – O Clepsidra: o primeiro Relógio Automático.
O engenheiro grego chamado Ctesíbio, que viveu por volta de 285-222 a.C. em Alexandria, foi responsável pela criação do relógio mais preciso do mundo antigo. O Clepsidra, também conhecido como relógio de água, era capaz de funcionar continuamente por até 365 dias, sendo um dos primeiros sistemas desenvolvidos pela humanidade para a medição do tempo.
Seu funcionamento era bastante simples: consistia em um instrumento no qual a água escorria pelo bocal da ampulheta, e quando esta ampulheta ficava vazia, a água do bocal cessava, simbolizando o término do tempo.
87 e 100 a.C. – Mecanismo de Anicífera: o computador mais antigo do mundo
Construído na Grécia helenística entre 87 e 100 a.C., o Mecanismo de Anticítera (ou Antikythera) foi descoberto em 1901 entre as ilhas de Creta e Citera por um mergulhador que encontrou os restos do que foi considerado um computador mecânico.
O dispositivo é uma mistura complexa de engrenagens, provavelmente desenvolvido para rastrear os ciclos do sistema solar, a posição e fases da lua, bem como o movimento dos planetas. Também foi utilizado para prever eclipses e registrar eventos importantes no calendário grego.
O mecanismo é composto por peças de bronze e rodas dentadas, cortadas à mão com uma incrível precisão. São 30 engrenagens separadas e 3 discos com inscrições em grego, totalizando 2.160 caracteres. A descoberta de Anticítera também inclui a calculadora mais antiga do mundo, impulsionada por uma manivela manual.
O dispositivo utilizava aritmética e trigonometria babilônica, em vez de grega. A parte frontal do aparelho mostrava o zodíaco grego e um calendário egípcio, enquanto a parte de trás continha informações sobre ciclos lunares e eclipses.
1495 – Primeiros Esboços do Robô Humanoide
Leonardo da Vinci era um inventor, artista e cientista do Renascimento, dedicando grande parte de seu tempo ao estudo da anatomia, mecânica e engenharia. Por volta de 1495, construiu o Robô de Leonardo, ou Cavaleiro Mecânico de Leonardo, uma espécie de robô humanoide operado por uma série de roldanas e cabos. Coberto por uma armadura medieval alemã-italiana, o cavaleiro é capaz de realizar diversos movimentos semelhantes aos humanos, sendo considerado o primeiro robô do Ocidente.
1642- Criação da máquina de Pascal, a primeira calculadora.
Blaise Pascal, filósofo e matemático francês, foi o responsável pela invenção da primeira calculadora capaz de realizar somas e subtrações. O dispositivo, criado em 1642, recebeu o nome de Pascalina. Na época, cerca de 50 Pascalinas foram construídas. Alguns exemplares podem ser encontrados em museus, como o que está em exposição no Des Arts Museum et Metiers em Paris.
A máquina de Pascal surgiu com o intuito de ajudar seu pai, que era um coletor de impostos. Possui um mecanismo de engrenagens de dez posições que eram giradas manualmente, utilizando a técnica do complemento de 9, com um funcionamento semelhante ao de um hodômetro.
1709- Pato Mecânico de Vaucanson
O Pato Mecânico de Vaucanson, conhecido em inglês como “The Duck”, foi uma notável criação do inventor francês Jacques de Vaucanson no século XVIII. Vaucanson era reconhecido por seus autômatos mecânicos confusos e realistas, sendo o Pato Mecânico uma de suas obras mais famosas.
Construído em 1739, o aparelho era uma representação impressionante da engenharia da época, projetado para imitar os movimentos naturais de um pato. Possuía uma série de mecanismos complexos que permitiam ao pato realizar diversas ações, como comer, beber, nadar na água e até mesmo “digitar” palavras com sua asa.
A invenção de Vaucanson chamou bastante atenção pelo seu sistema digestivo artificial, onde o pato podia “comer” grãos, digeri-los e, eventualmente, excretar uma substância semelhante a fezes.
O Pato Mecânico de Vaucanson foi exibido publicamente em Paris, atraindo grande atenção e admiração. Seu trabalho contribuiu significativamente para o desenvolvimento da automação e dos autômatos, consolidando-o como uma figura importante na história da engenharia mecânica e da robótica. Infelizmente, o aparelho original desapareceu.
1913- Linha de Montagem de Henry Ford
Um marco importante que revolucionou a indústria, a produção em massa e consequentemente a robótica, foi a Linha de Montagem de Henry Ford, implementada primeiramente na indústria automotiva a partir de 1913. O empresário Norte Americano, fundador da Ford Motor Company, introduziu um sistema onde os carros eram montados em uma linha móvel, cada trabalhador era responsável por uma tarefa específica.
Este modelo aumentou significativamente a eficiência e reduziu os custos, permitindo a produção em massa de veículos acessíveis. O uso de técnicas como a padronização e a produção em série tornou-se um exemplo para outras indústrias e transformou a fabricação global.
1920 – Surgimento do termo “Robô”
O termo “robô” teve sua origem em 1920, quando o autor tcheco Karel Čapek utilizou pela primeira vez essa palavra em sua peça de teatro intitulada “R.U.R.” (Rossum’s Universal Robots). Para a criação do termo, Čapek baseou-se na palavra checa “robota”, que significa trabalho forçado ou servidão.
A peça explorou o conceito de criação de seres artificiais para realizar tarefas trabalhistas, no final os robôs se rebelam contra seus criadores, questionando a ética e a responsabilidade humana na criação de máquinas inteligentes. Desde então, o termo “robô” passou a ser utilizado pela cultura popular e linguagem para descrever máquinas autônomas e automatizadas.
1937- Números computáveis de Alan Turing.
Em 1936, Alan Turing lançou o artigo intitulado “On Computable Numbers,” marcando o início da revolução dos computadores. Nesse trabalho seminal, Turing introduziu o conceito de máquinas universais, conhecidas como “máquinas de Turing”, que poderiam executar qualquer cálculo computável.
Essa abstração teórica provou que qualquer problema matematicamente solucionável poderia ser resolvido por uma máquina de Turing. Esse artigo não apenas estabeleceu os fundamentos da teoria da computação, mas também influenciou diretamente o desenvolvimento dos primeiros computadores, tornando-se um marco crucial na história da computação e da inteligência artificial.
1943- As Leis da Robótica de Isaac Asimov.
O lendário escritor de ficção científica, Isaac Asimov, escreveu o conto “Mentiroso”, no qual apresentou as Três Leis da Robótica pela primeira vez. Publicado em 1941, o conto é uma narrativa que explora as implicações éticas e sociais do desenvolvimento da inteligência artificial.
As Três Leis da Robótica, posteriormente fundamentais em grande parte da obra de Asimov, são: 1) Um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano sofra algum mal; 2) Um robô deve obedecer às ordens dadas por seres humanos, exceto nos casos em que tais ordens entrem em conflito com a Primeira Lei; 3) Um robô deve proteger sua própria existência, desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira ou Segunda Lei.
Estas leis tornaram-se uma base filosófica significativa para explorar as relações entre humanos e máquinas na ficção científica e influenciaram profundamente o pensamento sobre ética na inteligência artificial na vida real. Suas histórias serviram de inspiração para a escrita do livro “Eu, Robô”, publicado em 1950, e posteriormente adaptado para o cinema, estrelado por Will Smith.
1950 – Primeiros sinais da IA
Os primeiros sinais da Inteligência Artificial (IA) estão fortemente associados a Alan Turing, um pioneiro na ciência da computação. Em 1950, Turing propôs o que agora é conhecido como o “Teste de Turing”, um critério para determinar se uma máquina pode exibir comportamento inteligente indistinguível do de um ser humano.
Esta ideia inovadora estabeleceu as bases conceituais para o desenvolvimento da IA, explorando a capacidade das máquinas de realizar tarefas cognitivas de maneira similar ou superior aos humanos. O trabalho de Turing e suas contribuições para a teoria da computação são fundamentais para a evolução da IA, marcando o início de uma era em que a busca pela criação de máquinas inteligentes se tornaria uma área de pesquisa e desenvolvimento significativa.
1954 – Criação do Primeiro Robô Programável.
O primeiro robô programável foi desenvolvido por George Devol e Joe Engleberger. Em 1954, George Devol patenteou um dispositivo chamado “Unimate”, que se tornou . Em colaboração com Engleberger, fundaram a empresa Unimation em 1956 para comercializar o Unimate. Este robô industrial era capaz de executar tarefas programadas e foi introduzido pela primeira vez na General Motors em 1961, onde realizava operações de manuseio de peças quentes e perigosas.
A inovação de Devol e Engleberger marcou o início da automação industrial, transformando a fabricação e inspirando o desenvolvimento subsequente de uma ampla variedade de robôs programáveis em diversos setores. Essa contribuição fundamental definiu o cenário para a expansão da robótica na indústria e outros campos ao longo do tempo.
1957 – Sputnik: o primeiro satélite artificial autônomo do mundo.
Em 1957, a União Soviética lançou o Sputnik 1, marcando o início da era espacial. Sputnik 1 foi o primeiro satélite artificial autônomo do mundo, transmitindo sinais de rádio e se tornando o primeiro objeto feito pelo homem a orbitar o planeta. O lançamento do Sputnik foi um evento histórico que teve repercussões significativas na Guerra Fria, intensificando a corrida espacial entre os Estados Unidos e a União Soviética.
O sucesso do Sputnik também provocou mudanças fundamentais na política espacial e no desenvolvimento tecnológico, levando à criação da NASA e a um rápido avanço na exploração espacial. Este evento simboliza um marco importante na história da exploração espacial e na competição tecnológica entre as superpotências da época.
1960-1970: Revolução da Robótica Industrial:
A Unimate foi instalada em 1961 em uma linha de produção da General Motors, marcando o início da robótica industrial.O termo “robótica” foi cunhado pelo cientista da computação Isaac Asimov.O primeiro robô controlado por computador, o “Shakey”, foi desenvolvido no Instituto de Pesquisa de Stanford.
1964 – IBM System 360: o computador revolucionário.
Em 1964, a IBM lançou o IBM System/360, marcando um avanço significativo na computação. Este sistema foi o primeiro computador projetado para atender a uma ampla variedade de necessidades de processamento de dados e tornou-se o primeiro a ser produzido em massa. O IBM 360 introduziu um conceito revolucionário ao oferecer uma família de computadores compatíveis entre si, com diferentes modelos adequados para diversas aplicações e necessidades empresariais.
Essa abordagem modular permitiu que as empresas escalassem suas capacidades de processamento de dados sem a necessidade de substituir todo o sistema. O IBM 360 desempenhou um papel crucial na padronização e expansão da indústria de computadores, tornando-se um marco no desenvolvimento da tecnologia da informação e facilitando o crescimento da computação em larga escala.
1969 – Stanford Arm: o primeiro braço mecânico programável.
Em 1969, o engenheiro Victor Scheinman desenvolveu o Stanford Arm, considerado o primeiro braço mecânico programável. Scheinman projetou esse dispositivo enquanto estava na Universidade Stanford e o invento se tornou um marco fundamental na robótica industrial. O Stanford Arm era composto por seis articulações, cada uma controlada por motores elétricos e sensores. A sua capacidade de movimentação e precisão permitia uma ampla gama de aplicações industriais, desde montagem de peças até operações em ambientes perigosos.
O sucesso do Stanford Arm inspirou o desenvolvimento de braços robóticos em diversas indústrias, incluindo a manufatura e a automação. O legado do trabalho de Scheinman pode ser visto na proliferação de sistemas robóticos industriais que se seguiram, contribuindo significativamente para a evolução da automação e da robótica moderna.
1980-1990: Robótica Móvel e Sensores Avançados:
Surgiram os primeiros robôs móveis autônomos, como o “Genghis” e o “Ambler”. Avanços em sensores, visão computacional e algoritmos de controle expandiram as capacidades dos robôs.
1985 -RB5X um robô programável.
Em 1985, a General Robotics Corp. introduziu o RB5X, um robô programável que se destacou como uma das primeiras plataformas robóticas comerciais disponíveis para uma variedade de aplicações. O RB5X era caracterizado por sua mobilidade e capacidade de ser programado para realizar diversas tarefas, tornando-se uma ferramenta versátil para ambientes industriais e educacionais.
Com seu design compacto e funcionalidades inovadoras, o RB5X impulsionou o interesse e a adoção de robôs em diferentes setores. Seu impacto pode ser percebido no estímulo ao desenvolvimento subsequente de robótica comercial e na incorporação de máquinas programáveis em diversas aplicações práticas, contribuindo para a expansão da automação e da robótica ao longo do tempo.
1997- Deep Blue: o computador campeão mundial de xadrez
Em 11 de maio, um marco histórico ocorreu quando o computador Deep Blue, desenvolvido pela IBM, conquistou a vitória sobre o campeão mundial de xadrez, Garry Kasparov. Este evento, ocorrido em 1997, foi emblemático, pois representou a primeira vez que um programa de computador derrotou o campeão humano em uma partida de xadrez em condições padrão de torneio.
A vitória do Deep Blue destacou os avanços significativos na capacidade computacional e estratégias algorítmicas, marcando um ponto de virada na interação entre a inteligência artificial e o domínio humano em jogos de habilidade estratégica complexa. Este acontecimento influenciou subsequentes desenvolvimentos na computação e IA, mostrando o potencial das máquinas para superar até mesmo os jogadores de elite em certos domínios específicos.
2002 – ASIMO: o robô humanoide da Honda.
A Honda alcançou um marco significativo em inovação tecnológica ao criar o ASIMO (Advanced Step in Innovative Mobility) em 2000. O ASIMO é um robô humanoide avançado de 1 metro de altura e 15 skins nacional, projetado para interagir com o ambiente e realizar uma variedade de tarefas.
Equipado com habilidades de locomoção, reconhecimento de voz e gestos, o ASIMO representa um avanço notável na pesquisa de robótica. Sua capacidade de andar, subir escadas, cumprimentar pessoas e até mesmo carregar objetos destacam as conquistas da Honda na busca por soluções robóticas inovadoras, contribuindo para o desenvolvimento futuro da robótica e da inteligência artificial.
2005 – Robô que seu autorreplica.
Pesquisadores da Universidade de Cornell atingiram um marco revolucionário ao construir o primeiro robô capaz de se autorreplicar. Este feito, alcançado em um experimento pioneiro, demonstra avanços significativos na autonomia e capacidade de reprodução de robôs. Ao permitir que o robô produza cópias de si mesmo, os pesquisadores abrem caminho para o desenvolvimento de sistemas autônomos e autorreplicantes, com possíveis aplicações em diversas áreas, desde a exploração espacial até a realização de tarefas complexas em ambientes desafiadores. Este avanço na pesquisa representa um salto impressionante na capacidade dos robôs de se adaptarem e proliferarem, sinalizando um futuro promissor para a robótica autônoma.
2011- Surgimento dos exoesqueletos.
Em 2011, os exoesqueletos surgiram como uma tecnologia notável na área da robótica e assistência à mobilidade. Estes dispositivos vestíveis, projetados para serem usados externamente ao corpo humano, demonstraram avanços significativos na capacidade de melhorar a mobilidade e a força física de indivíduos com deficiências ou para fins de assistência em atividades laborais.
O desenvolvimento de exoesqueletos neste período representou uma convergência de inovações em materiais leves, sensores avançados e algoritmos de controle, abrindo caminho para uma nova era de tecnologias assistivas e de reabilitação. Essa evolução teve um impacto transformador na melhoria da qualidade de vida de pessoas com limitações físicas, além de apontar para possíveis aplicações em diversos setores, desde a saúde até a indústria.
2012 – Braço mecânico controlado através do pensamento.
Em um avanço notável em pesquisa médica e tecnologia assistiva, a Universidade de Pittsburgh desenvolveu um braço mecânico controlado pelo pensamento. Este inovador dispositivo utiliza interfaces cérebro-máquina, permitindo que os usuários controlem o braço mecânico por meio de sinais cerebrais.
Ao captar e interpretar as intenções do usuário, o braço mecânico oferece uma solução promissora para pessoas com paralisia ou amputações, proporcionando uma maior independência e mobilidade. Este avanço representa um marco significativo na integração entre a mente humana e máquinas, indicando o potencial revolucionário da neurociência aplicada e da tecnologia assistiva na melhoria da qualidade de vida de indivíduos com limitações motoras.
Atualmente: Colaboração Homem-Máquina e Robótica Avançada:
Nos dias atuais a colaboração entre humanos e robôs tornou-se uma área de foco, especialmente em ambientes de produção. Robôs humanoides mais avançados, como o Atlas da Boston Dynamics, demonstram habilidades notáveis de locomoção e manipulação.
A colaboração entre humanos e robôs tornou-se uma área de foco, resultando na criação de robôs colaborativos projetados para trabalhar lado a lado com os seres humanos em ambientes compartilhados, como fábricas e centros de logística.
Também é notório o aumento significativo no desenvolvimento de veículos autônomos, não apenas em carros, mas também em drones, robôs terrestres e aquáticos. Esses avanços estão transformando a indústria de transporte e logística.
Esta é apenas uma visão geral, e a evolução dos robôs continua a se desdobrar com pesquisas e avanços contínuos em várias disciplinas relacionadas. A inteligência artificial, a aprendizagem de máquina e a robótica estão cada vez mais interligadas, moldando o futuro dos robôs e sua presença em nossas vidas e ainda não é possível prever onde a tecnologia irá nos levar.